TikTok aparece no JN, processa Meta e Globo vem a público
Marketing de oportunidade ou mera coincidência?
No último dia 24, os telespectadores do Jornal Nacional, principal telejornal da Rede Globo, notaram uma sequência de eventos que gerou discussões e especulações sobre a integridade do conteúdo jornalístico.
Durante o intervalo do telejornal, em programa apresentado por Pedro Bial, o médico Jairo Bouer abordou a saúde mental de crianças e jovens nas redes sociais, com foco no TikTok. O diálogo destacou a necessidade de equilíbrio no uso de telas, especialmente por parte dos jovens.
No programa, o médico Jairo Bouer explicou como os pais podem ajudar a tornar a experiência de seus filhos mais segura nas redes sociais.
Ele mencionou a configuração de privacidade no TikTok e a ferramenta de sincronização familiar, que permite aos pais e responsáveis ajustar as configurações de privacidade e segurança, bem como definir o tempo que os jovens podem passar nas redes sociais.
No entanto, o que chamou a atenção dos telespectadores foi o que aconteceu após o retorno do intervalo comercial.
O âncora do Jornal Nacional, William Bonner, introduziu uma reportagem de 2 minutos e 42 segundos que discutia o processo judicial que a Meta, empresa dona do Facebook e Instagram, enfrenta nos Estados Unidos. A acusação é de prejudicar a saúde mental de crianças e jovens.
Suposta intervenção comercial no conteúdo do jornal
A grande questão que se colocou foi se houve uma intervenção comercial no conteúdo de jornalismo da emissora, especialmente considerando a sequência de eventos.
O fato de o TikTok, uma plataforma concorrente da Meta, ser promovido no intervalo do Jornal Nacional, seguido por uma reportagem crítica à Meta, gerou especulações sobre a integridade do conteúdo jornalístico da Globo.
É importante mencionar que, embora a Meta enfrente um processo judicial nos Estados Unidos, o TikTok também enfrenta um processo semelhante no estado de Utah, nos EUA. No entanto, o Jornal Nacional não citou esse detalhe na reportagem.
Diante desses acontecimentos, muitos telespectadores ficaram com a sensação de que houve uma influência do departamento comercial no conteúdo jornalístico do Jornal Nacional, em uma espécie de marketing de oportunidade. As plataformas TikTok e Meta travam uma forte batalha pela liderança no mercado de redes sociais, o que torna a situação ainda mais intrigante.
Globo se pronuncia
Diante das especulações e questionamentos, a Globo se manifestou a respeito do ocorrido.
A Comunicação da Globo negou qualquer relação entre o programa do TikTok e a matéria sobre a Meta no Jornal Nacional. Segundo a emissora, a ação fazia parte de um projeto programado anteriormente pela marca TikTok, com o objetivo de promover a segurança e o equilíbrio no uso de redes sociais.
A resposta da Globo deixa claro que a emissora não vê nenhuma relação entre a ação comercial do TikTok e o conteúdo jornalístico exibido no Jornal Nacional.
A empresa afirma que o projeto inclui entregas nos intervalos comerciais e ações de conteúdo em outros programas da emissora, como Conversa com Bial, Altas Horas, e É de Casa.
A questão levantada por esse episódio vai além de uma simples coincidência. Ela toca em um ponto fundamental sobre a integridade do jornalismo, especialmente em um cenário em que as redes sociais e as plataformas digitais desempenham um papel cada vez mais significativo na formação de opinião e na disseminação de informações.
Os telespectadores, especialmente os mais críticos e atentos, ficam com a responsabilidade de avaliar a transparência e a independência do jornalismo, garantindo que o conteúdo jornalístico não seja influenciado por interesses comerciais ou corporativos.
Essa situação serve como um lembrete da importância de manter a integridade do jornalismo em um mundo onde as fronteiras entre conteúdo editorial e publicitário podem se tornar tênues.