Jovem vítima de tráfico humano revela que foi torturado
Phelipe Ferreira, um dos brasileiros vítimas de uma rede de tráfico humano em Mianmar, usou as redes sociais neste domingo para compartilhar os horrores que viveu durante quase cinco meses de cárcere e trabalho forçado. Ele e Luckas Kim Viana foram agredidos e torturados para aplicar golpes em brasileiros, se passando por modelos asiáticos nas redes sociais.
Durante quatro dias eu fiquei escrevendo o script [roteiro] da modelo que eu ia usar para aplicar o golpe nas pessoas. Tomem cuidado, se algum modelo de Bangkok ou de Taiwan entrar em contato com vocês, não confiem, alertou Phelipe.
Phelipe Ferreira mostra ferimentos durante cárcere no MianmarReprodução/InstagramTrajetória de engano e tortura
Phelipe contou que foi enganado por uma proposta de trabalho que prometia R$ 2 mil mais comissão para uma empresa chinesa. No entanto, ao se deslocar para o novo emprego, foi levado ao esconderijo dos criminosos. O local se assemelhava a uma prisão, vigiada por seguranças armados com armas de fogo e de eletrochoque. Aqueles que não entregavam resultados após mais de 12 horas de trabalho eram levados à sala do RH, onde sofriam agressões e torturas.
Luckas, que estava há mais tempo sob a custódia dos traficantes, foi encontrado por Phelipe durante uma dessas sessões de tortura. Embora não pudessem conversar, os dois tentaram se apoiar e manter contato durante todo o período de confinamento.
Resgate e apoio
Os brasileiros foram resgatados pela ONG Exodus Road e levados de Mianmar para a Tailândia, com o apoio de um grupo de resistência armada atuante na fronteira. Eles estão em segurança em um hotel tailandês, aguardando a emissão de novos passaportes para serem repatriados.
O Portal LeoDias entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores para obter informações sobre o processo de repatriação dos brasileiros. O Itamaraty informou que mantém contato com a embaixada brasileira em Bangkok e com a família das vítimas, mas não divulgou uma data para o retorno deles ao Brasil.
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Este caso é um lembrete sombrio sobre os perigos do tráfico humano e a importância de estar sempre alerta a propostas que parecem boas demais para serem verdade.