Autor da Globo VENCE A EMISSORA NA JUSTIÇA: entenda o motivo
É uma carreira de 41 anos como autor na Globo. Ele triunfa em uma ação judicial milionária contra a emissora.
Autor que esteve vinculado à Globo de 1979 a 2020, saiu vitorioso em sua ação legal contra a emissora após seu desligamento. De acordo com sua equipe jurídica, ele receberá um montante mínimo de R$ 3,5 milhões, abrangendo compensações por danos morais e verbas rescisórias não quitadas. Esta conquista ocorreu em um tribunal de segunda instância, mas a Globo ainda tem a possibilidade de apelar da decisão.
Vitória na justiça
Entre os escritores que foram dispensados pela Globo, Euclydes Marinho foi o único que optou por buscar solução na esfera judicial. Segundo o portal F5, que afirma obter acesso à recente decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ), essa decisão foi revertida a uma decisão de primeira instância favorável à emissora.
A defesa do autor conseguiu unanimidade dos votos dos desembargadores locais ao apresentar seus argumentos. Além das reivindicações por compensações relacionadas à sua saída da Globo, Euclydes também solicitou uma quantia para reparar os danos decorrentes da sua restrição em trabalhar em projetos fora da emissora, como no teatro e cinema, devido ao seu contrato de exclusividade.
Euclydes e sua equipe jurídica alegaram que ele precisou recusar oportunidades profissionais devido à falta de autorização da Globo. A emissora, por sua vez, defendeu-se, destacando que o autor foi liberado para participar de diversas produções, incluindo os filmes “Primo Basílio” (2007) e “Se Eu Fosse Você 2” (2008), além da peça “Shirley Valentine” (1991).
O TRT-RJ considerou procedentes os argumentos de Euclydes e concedeu a vitória ao autor. Além de pagar as despesas processuais, estimadas em R$ 30 mil, a Globo foi condenada a pagar uma indenização no valor de R$ 3,5 milhões, podendo esse montante aumentar devido aos juros acumulados durante a tramitação do processo.
A Globo tem a possibilidade de recorrer da decisão junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). A emissora optou por não fazer comentários sobre casos em andamento na justiça. O escritório Saboya Direito Muanis Advogados, representando Euclydes Marinho, preferiu não comentar o assunto neste momento.
Sobre Euclydes Marinho
Euclydes Marinho, nascido no Rio de Janeiro em 1950, iniciou sua trajetória na Globo em 1979, quando recebeu um convite para integrar a equipe de roteiristas da série “Ciranda Cirandinha”. No mesmo ano, desempenhou um papel fundamental na criação e redação do primeiro episódio de “Malu Mulher”, uma série revolucionária com temática feminista protagonizada por Regina Duarte, que deixou uma marca profunda na televisão.
A partir desse ponto, ele colaborou em uma variedade de programas, abrangendo novelas, séries e programas humorísticos, incluindo a emblemática “Armação Ilimitada” (1985-1988). Posteriormente, ele estreou como autor de novelas com “Mico Preto” (1990), exibida no horário das sete.
Euclydes Marinho teve uma breve passagem pela Globo em 1994, saindo temporariamente para trabalhar na série “Confissões de Adolescente” (1994) na TV Cultura, mas retornou em 1995. Durante esse período, ele contribuiu para “Andando nas Nuvens” (1999) e outra novela do horário das sete, “Desejos de Mulher” (2002), que marcou o reencontro das atrizes Regina Duarte e Gloria Pires desde “Vale Tudo” (1988).
Essa novela também introduziu na Globo o jovem autor João Emanuel Carneiro, que hoje é um dos principais novelistas da emissora. Nos seus últimos anos na Globo, Euclydes Marinho concentrou-se na criação de séries de televisão.
Ele produziu “Capitu” (2009), baseada na obra de Machado de Assis; “As Cariocas” (2010), em parceria com Daniel Filho; “O Brado Retumbante” (2012), que explorou o cenário político nacional entre Brasília e Rio de Janeiro; e “Felizes para Sempre?” (2015), uma trama ousada que abordou conflitos conjugais e que contribuiu significativamente para elevar a carreira da atriz Paolla Oliveira.
No entanto, após quatro anos sem projetos aprovados e o cancelamento de uma novela que envolvia a diretora Amora Mautner, Euclydes Marinho não teve seu contrato renovado pela Globo, devido à política de redução de despesas da emissora. Desde então, o escritor não conseguiu fechar acordos de trabalho com empresas de streaming ou outras emissoras de televisão concorrentes.