“Arrumar a casa e fugir da polícia”: o que se sabe sobre Renato Cariani e a investigação da PF

Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal deu início à Operação Hinsberg, com foco no combate ao tráfico de drogas e ao desvio de um produto químico utilizado na produção de crack. O epicentro da investigação recai sobre a Anidrol, uma indústria química localizada na Grande São Paulo. O sócio desta empresa é o influenciador fitness Renato Cariani, que conta com uma expressiva base de mais de 7 milhões de seguidores. Apesar das buscas em sua residência, a prisão de Cariani, solicitada pelo Ministério Público e pela PF, foi negada pela Justiça.

Renato Cariani é investigado pela Polícia Federal.
Cariani (Correio Braziliense/Reprodução)

Mensagens interceptadas apontam que Cariani ja sabia de investigação

No decorrer da operação, a Polícia Federal conseguiu acessar mensagens trocadas entre Cariani e sua sócia, revelando um conhecimento prévio do monitoramento policial, mesmo que essas mensagens sejam de natureza antiga. Em uma dessas conversas, Cariani mencionou a possibilidade de trabalhar no feriado com a intenção de “arrumar a casa” e evitar a atenção das autoridades, sinalizando uma clara consciência da investigação.

Mesmo após ser convocado pela Receita Federal para esclarecimentos sobre notas emitidas pela empresa, as notas falsas persistiram, indicando uma resistência às autoridades. Outras mensagens trocadas entre Cariani e sua sócia revelaram estratégias ilícitas, como a sugestão de retirar rótulos dos produtos para dificultar a fiscalização e as investigações. A persistência na emissão de notas fiscais falsas, mesmo após a notificação da Receita Federal, evidencia uma postura desafiadora por parte do grupo em questão.

Declarações do empresário e influencer

Cariani, por meio de suas redes sociais, negou veementemente qualquer envolvimento no esquema desarticulado pela operação. Ele alegou ter sido surpreendido pelas ações da PF e enfatizou que sua empresa opera em conformidade com as regulamentações vigentes. Na defesa da empresa da qual é sócio, Cariani destacou sua longa trajetória, licenças e certificações nacionais e internacionais, enfatizando a surpresa diante da investigação.

“Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em “processo de justiça” [sic]. Então, meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver esse processo e, aí sim, eu vou entender o que consta nessa investigação”

Renato Cariani

Detalhes da operação e outro suspeito envolvido

A operação abrangeu 18 mandados de busca e apreensão, distribuídos em São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Além de Cariani, a PF investiga Fabio Spínola Mota, um indivíduo com histórico de prisões por crimes semelhantes. Na residência de Spínola Mota, foram encontrados mais de R$ 100 mil em espécie. Ele é suspeito de intermediar as relações entre a indústria química e os produtores da droga, sendo o grupo em questão acusado de desviar toneladas de produto químico para produzir entre 12 e 16 toneladas de crack.

O grupo é suspeito de desviar significativas toneladas de produto químico para a produção estimada entre 12 e 16 toneladas de crack. A operação é realizada em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO do MPSP) de São Paulo e a Receita Federal. A investigação teve início em 2022, quando uma empresa farmacêutica multinacional comunicou à PF sobre notificações da Receita Federal relacionadas a notas fiscais faturadas em seu nome com pagamento em dinheiro não declarado.

Durante as apurações, a PF identificou que o grupo em questão emitiu notas em nome de três grandes empresas de maneira fraudulenta entre 2014 e 2021: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica. Apesar do pedido de prisão dos envolvidos, a Justiça negou a solicitação, aprofundando as complexidades do caso.

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