Como a inteligência artificial pode afetar as novelas?

O que pode mudar no futuro do audiovisual?

A crescente influência da inteligência artificial nas indústrias do audiovisual e da literatura tem desencadeado debates e preocupações.

No centro dessas discussões, encontramos greves de atores e roteiristas em Hollywood, que lutam para garantir o valor de seus trabalhos e evitar serem substituídos por robôs.

No Brasil, no entanto, o renomado autor de novelas, Walcyr Carrasco, adota uma visão mais otimista quanto ao impacto da inteligência artificial em sua área de atuação, mas adverte sobre os desafios que a literatura comercial pode enfrentar no futuro.

Autor fala sobre Inteligência Artificial

Walcyr Carrasco, conhecido por suas criações na televisão brasileira, acredita que a inteligência artificial pode trazer transformações, mas não destruirá o formato das novelas.

Para Carrasco, a essência da novela é a história de famílias, enraizada em histórias de amor que são construções familiares.

Durante o lançamento do livro A Telenovela e o Futuro da Televisão Brasileira, de Rosane Svartman, Carrasco enfatizou sua confiança na sobrevivência das novelas:

A novela tem uma sobrevivência e continuará a acontecer. Eu sou uma pessoa que não tem medo da inteligência artificial.

Entretanto, Carrasco se mostra menos otimista quando se trata da literatura comercial.

Ele prevê que a inteligência artificial dominará esse domínio, afirmando que “a literatura comercial vai acabar“.

Carrasco acredita que algoritmos poderão criar livros sem a necessidade de autores, colocando em risco o mercado de best-sellers que conhecemos hoje.

Em um gesto curioso, Carrasco experimentou as capacidades da inteligência artificial ao tentar criar uma história usando o ChatGPT.

Ele solicitou que a ferramenta virtual criasse uma história em que um menino batesse na mãe. No entanto, Carrasco não ficou satisfeito com o resultado. Ele debochou, afirmando que as histórias geradas eram moralmente conservadoras, sempre terminavam de maneira feliz e não atendiam às suas expectativas.

Carrasco também destacou o papel da inteligência artificial no futuro, sugerindo que esses sistemas aprenderão a imitar ainda mais os seres humanos, inclusive em seus erros e desvios.

Ele acredita que, apesar das mudanças tecnológicas, a novela tem uma sobrevivência longa e uma capacidade de transformação.

Carrasco lembra que, ao longo da história, toda vez que surgem novidades, as respostas artísticas surpreendentes surgem em resposta a essas inovações:

A cada nova forma de mídia, há uma resposta artística surpreendente. Quando surgiu a televisão, diziam que ia acabar com o cinema, mas isso nunca aconteceu. Os meios se transformam e ganham novas equações.

Ele acrescentou que o streaming hoje é um exemplo de como os meios se transformam e convergem para atender às necessidades e preferências em constante evolução do público.

O debate sobre a influência da inteligência artificial nas indústrias criativas está longe de ser concluído.

Walcyr Carrasco, com sua visão confiante sobre o futuro das novelas, destaca a necessidade de adaptação e resiliência diante das mudanças tecnológicas.

Enquanto Carrasco pode não temer o avanço da inteligência artificial na televisão, ele permanece cético sobre seu impacto na literatura comercial.

À medida que a tecnologia continua a evoluir, o equilíbrio entre a criatividade humana e a inteligência artificial na narrativa está fadado a ser um tema recorrente de discussão nos anos vindouros.