Horário de Verão: VAI VOLTAR OU NÃO?
Já faz algum tempo que o governo deixou de adotar o horário de verão. Será que volta?
Amplamente querido por alguns e intensamente desaprovado por outros, o horário de verão gerou, durante um longo período, debates acalorados e divergências entre os habitantes do Brasil. Um grande número de pessoas apreciava a oportunidade de desfrutar do clima mais quente da estação e esticar as horas do entardecer para se envolver em atividades esportivas ou aproveitar um momento descontraído com amigos durante o happy hour. Entretanto, aqueles que tinham a rotina de acordar cedo para trabalhar frequentemente manifestavam insatisfação em relação às manhãs mais sombrias resultantes do adiantamento do relógio em 1 hora.
Porque houve essa mudança?
Independentemente das preferências pessoais, havia justificativas técnicas que embasaram a decisão governamental de implementar o horário de verão no Brasil, uma medida que vigorou anualmente no país desde 1985 até 2018. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro revogou essa medida, e, em 2023, sob a nova administração, não há indícios de que o horário de verão será reintroduzido.
Tanto os especialistas do Ministério de Minas e Energia quanto o próprio ministro desse setor afirmaram que, até o momento, não existe a necessidade de adiantar os relógios neste ano, principalmente devido às condições favoráveis do suprimento de energia do país, resultado de um planejamento eficaz adotado desde o início do atual governo.
O ministro Alexandre Silveira também declarou que não há qualquer sinal que aponte para a necessidade de adotar o horário de verão neste ano, uma vez que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão em excelente estado de armazenamento de água, representando o melhor desempenho dos últimos 10 anos. “O horário de verão só será implementado se houver indícios e evidências de uma necessidade crítica no fornecimento de eletricidade do setor brasileiro. Até o momento, não há nenhuma indicação nesse sentido. Estamos em um período muito positivo em relação aos nossos reservatórios”.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os níveis de Energia Armazenada (EAR) nos reservatórios devem permanecer acima de 70% em setembro na maioria das regiões, indicando uma estabilidade no sistema. Como comparação, em setembro de 2018, último ano de vigência do horário de verão, a EAR nos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, um dos mais cruciais do país, estava em apenas 24,5%. Em 2023, esse percentual está em sólidos 73,1%.
Outro ponto que sustenta a decisão de não reintroduzir o horário de verão no Brasil é o crescimento da oferta de energia elétrica nos últimos anos, com um aumento significativo da produção por meio de usinas eólicas e solares. “O setor energético, que historicamente guiava essa determinação, não enxerga mais a necessidade de tal medida, pois não há vantagens substanciais a serem obtidas”, observou o professor de Planejamento Energético Marcos Freitas, da Coppe/UFRJ.
Sobre o horário de verão
O horário de verão é uma alteração do horário de uma região, designada apenas durante uma porção do ano, adiantando-se em geral uma hora no fuso horário oficial local. O objetivo principal do horário de verão é aproveitar ao máximo a iluminação natural durante a estação do ano verão, quando os dias são mais longos.
No Brasil, o horário de verão é adotado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O início do horário de verão ocorre no último domingo de março e o término ocorre no último domingo de outubro.
O horário de verão é definido por decreto presidencial, que é renovado anualmente. O decreto atual, de 2023, estabelece que o horário de verão terá início em 12 de março e término em 29 de outubro.
Quando foi instituído em 1931, o conceito de adiantar o relógio em uma hora entre outubro e fevereiro tinha como finalidade otimizar a utilização da luz natural e reduzir a demanda máxima de energia elétrica durante o horário de maior consumo, que historicamente ocorria entre 18h e 20h. No entanto, ao longo dos últimos anos, ocorreram transformações significativas nos hábitos de consumo de eletricidade dos brasileiros, assim como na definição do horário de pico, que agora se desloca para a tarde, em grande parte devido ao aumento expressivo da utilização de aparelhos de ar-condicionado.