Série do Globoplay é um “milagre”, diz Fernanda Torres
Da literatura à tela – A jornada de Fim do romance ao streaming
Há uma década, Fernanda Torres conquistava novos horizontes ao lançar seu primeiro romance, Fim.
Agora, essa história de amizade e a passagem do tempo chega ao público em forma de série, disponível no Globoplay. A adaptação, uma produção que começou em 2020, enfrentou desafios devido à pandemia de Covid-19, mas finalmente chegou ao seu desfecho.
Livro de Fernanda Torres vira série da Globoplay
A trama de Fim se passa no Rio de Janeiro, entre os anos de 1968 e 2012, e segue a vida de cinco amigos: Ciro (Fábio Assunção), Ribeiro (Emilio Dantas), Sílvio (Bruno Mazzeo), Álvaro (Thelmo Fernandes) e Neto (David Júnior).
Suas trajetórias são marcadas por amores, desamores e a revolução de costumes dos anos 1970, e o momento derradeiro de cada um deles é o fio condutor da história.
Fernanda Torres, a autora do livro e criadora da série, adaptou sua própria obra em 10 episódios que são lançados em pares, todas as quartas-feiras no Globoplay.
Mesmo após uma década desde a publicação do romance, a autora sente que a reflexão sobre a morte e a passagem do tempo permanece relevante. Ela destacou o fortalecimento do movimento feminista como uma das maiores mudanças ocorridas nesse período.
Evolução do livro em alguns aspectos
A série da Globoplay, dirigida por Andrucha Waddington, representa uma evolução em relação ao livro em alguns aspectos.
Enquanto o romance tinha como protagonistas os personagens masculinos, na tela, as personagens femininas ganham mais destaque.
A inclusão de Irene (Débora Falabella), Ruth (Marjorie Estiano) e outras mulheres serviu como um contraponto ao machismo retratado no livro original.
Fernanda Torres compartilhou sua motivação para escrever predominantemente na perspectiva masculina: ao tentar se expressar na pele de personagens femininos, sentia que sua própria voz transparecia, o que a impedia de se distanciar de seu eu pessoal.
Ao assumir o papel de escritora masculina, ela se sentiu livre para explorar diferentes perspectivas.
Encontro de amigos
A produção da Globoplay também se tornou um encontro de amigos e colaboradores de longa data. “Esse é o trabalho de uma geração de amigos, nisso, o Fim da tela reflete o Fim por trás das câmeras“, disse a autora.
Além de Andrucha Waddington, o projeto envolveu outros amigos da autora, como Bruno Mazzeo, que já havia trabalhado com ela em Filhos da Pátria (2017-2019), e Marjorie Estiano, que construiu uma parceria de trabalho com Andrucha Waddington.
Além de criar a série, Fernanda Torres fez uma participação especial como Celeste, a irmã de Ribeiro, vivido por Emilio Dantas. Ela admitiu que atuar em sua própria obra foi uma experiência estranha, mas significativa.
Fernanda Torres e carreira multifacetada
A autora, que tem uma carreira multifacetada na literatura, teatro, cinema e televisão, também falou sobre sua relação com as plataformas de streaming, como é o caso da Globoplay. Ela reconheceu que o streaming expandiu o mercado audiovisual, mas também o fragmentou, tornando desafiador atingir o público em sua totalidade.
Apesar de sua carreira na literatura, Fernanda Torres admitiu que nos últimos anos, a escrita ficou em segundo plano.
Ela explicou que os acontecimentos recentes, como a pandemia e a situação política, a deixaram sem palavras, e a sensação de que a realidade superava qualquer intuição a impediu de criar novas obras.
No momento, está envolvida em projetos de cinema, série, teatro e outros, mas não descarta a possibilidade de voltar a escrever um livro no futuro.
A jornada de Fim de Fernanda Torres, do romance à tela, é um testemunho de sua versatilidade e criatividade. A série oferece ao público uma nova perspectiva sobre o livro e aborda questões que continuam a ressoar com o público, como a passagem do tempo, a amizade e as mudanças sociais.
Enquanto a literatura permanece em segundo plano por enquanto, a autora continua a brilhar em várias facetas da indústria do entretenimento.