GREVE NO IFOOD? O que ficou DECIDIDO?

Proposta apresentada anteriormente pelas empresas havia sido rejeitada pelos entregadores de aplicativos, que podem entrar em greve

O problema em torno da regulamentação do setor referente aos motoboys parece estar longe do fim. A discussão, presente no legislativo desde 2022, vem ganhando cada vez mais força.

O caso está tão intrincado que uma greve está sendo cogitada. Isso porque os trabalhadores que fazem as entregas pedidas por aplicativos não concordam com os valores que recebem pelo serviço.

Com isso, uma negociação se prolonga por meses, em que a associação de empresas ofereceu valores cuja classe de motofretistas em questão não concorda.

Veja em que pé está a questão e saiba se haverá a greve.

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Ifood está entre as empresas cujos entregadores podem entrar em greve – Foto: Vinícius Soares Pereira via Wikimedia Commons

Falta de acordo entre as partes

Não é de hoje que a associação de empresas e os sindicato e conselho que representam os entregadores por aplicativo não entram em consenso.

A situação, intermediada pelo Ministério do Trabalho a quatro meses, continua sem acordo. Isso porque as empresas ofereceram um reajuste salarial muito aquém do que está sendo pleiteado pela classe trabalhadora.

Em meados de agosto, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) entregou um documento em reunião realizada no Ministério do Trabalho. Nele, a associação, que representa companhias como Ifood, Uber e Amazon, sugeriu os valores mínimos por hora “efetivamente” trabalhada.

A sugestão era que motoristas de aplicativos recebessem R$ 15,60. Já os entregadores de carro, moto e bicicleta teriam remuneração por hora de R$ 10,86, R$ 10,20 e R$ 6,54, respectivamente.

A associação destacou que foram considerados os gastos que esses trabalhadores têm com o veículo e Internet e frisou que todos os valores apresentados são superiores aos R$ 6 por hora do salário mínimo atual (R$ 1.320).

Pouco mais de quinze dias depois da apresentação da proposta, os entregadores e motoristas de app responderam, rejeitando os valores oferecidos pelas empresas.

Segundo Edgar Francisco da Silva, presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMABR), tal sugestão é um “desaforo”, pois mantém a desvalorização dos trabalhadores.

Isso porque o lado dos trabalhadores, por sua vez, propõe um valor de R$ 35,76. Além disso, discorda do fato de a hora efetivamente trabalhada não contabilizar o tempo em que o trabalhador fica online, necessário para que ele saiba do serviço solicitado.

Com a recusa, as empresas pediram novo prazo para apresentar um projeto atualizado, o qual expirou no último dia 12. Na época de tal solicitação, a greve já estava sendo cogitada.

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Ciclistas são a classe mais afetada – Foto: NicoleLeslie2 via Wikimedia Commons

Greve Nacional

Após apresentação de nova proposta, a classe trabalhadora insistiu que os valores estavam muito abaixo do esperado. A nova sugestão falava em R$ 12 para motoboys e R$ 7 aos ciclistas.

Com o impasse, foi convocada uma greve de entregadores em âmbito nacional. A paralisação está sendo organizada para acontecer na próxima segunda-feira, 18.

Gilberto Almeida dos Santos, presidente do SindimotoSP e do Conselho Nacional de Motofretistas, Motoentregadores, Motoboys e Entregadores Ciclistas Profissionais do Brasil, disse que, da parte dos motoboys e ciclistas, não houve acordo:

As empresas de aplicativos continuam fugindo de suas responsabilidades sociais com milhões de entregadores em todo o Brasil que, na realidade, não são autônomos e sim trabalhadores em situação de precarização e escravização.

Ainda segundo Gilberto, todas as propostas colocadas pelas empresas até o momento são inviáveis.

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