O CARTÃO DE CRÉDITO VAI ACABAR? Entenda a POLÊMICA causada pelo Banco Central
Será que as mudanças que vem por aí podem acabar com o cartão de crédito? Saiba tudo sobre esse assunto e esteja preparado para as novidades.
Recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez várias revelações surpreendentes sobre as mudanças no cartão de crédito.
Os brasileiros estão muito acostumados a fazer suas compras no cartão. Seja para acumular milhas ou para conseguir adquirir um bem de produto mais elevado, através do parcelamento, muitos usuários de cartão optam por essa modalidade para efetuar seus pagamentos.
Com tanta novidade, certamente, ficou em dúvida com as declarações ou, até mesmo, preocupado com o futuro do cartão de crédito.
Será que o cartão de crédito vai, mesmo, acabar? Continue lendo e entenda as novidades.
Cartão de crédito ou Pix?
Recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto revelou que a instituição está considerando a possibilidade de permitir a obtenção de crédito pelos consumidores por meio do sistema Pix. De acordo com Campos Neto, isso pode, eventualmente, eliminar a necessidade de utilizar os tradicionais cartões de crédito.
Em um evento promovido pela Associação Comercial do Paraná, nesta sexta-feira, Campos Neto revelou: “A integração do Pix com outros produtos está em discussão. É importante ressaltar que será possível iniciar operações de crédito através do Pix. Portanto, em algum ponto no futuro, pode não ser mais necessário possuir um cartão de crédito, já que todas as transações poderão ser realizadas pelo Pix”.
A intenção do Banco Central é criar uma nova modalidade de crédito como uma “alternativa” para os consumidores acessarem financiamento. Além disso, a instituição também está testando outras funcionalidades para o Pix, incluindo pagamentos agendados, pagamentos recorrentes automáticos e até mesmo a possibilidade de utilização internacional do sistema.
Agregador financeiro
Campos Neto também mencionou o conceito de um “agregador financeiro”, um aplicativo que centralizaria produtos e serviços bancários: “O agregador financeiro eliminaria a necessidade de ter um aplicativo diferente para cada banco. Seria possível centralizar todos os produtos financeiros, garantindo portabilidade e mantendo a competitividade em tempo real”, revelou.
Para ele, resolver a questão do crédito rotativo no cartão de crédito é uma tarefa desafiadora. “Encontrar um equilíbrio é crucial”, enfatizou Campos Neto durante um evento da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), em Curitiba, nesta sexta-feira (11).
Em um evento no Senado, Campos Neto já havia indicado que o Banco Central e o Ministério da Fazenda estavam analisando alternativas para lidar com o crédito rotativo no cartão de crédito, e a extinção dessa modalidade parecia provável. Em Curitiba, ele admitiu ter recebido críticas por suas declarações no Senado, mas optou por não revelar a fonte.
O cartão de crédito vai acabar?
O cartão de crédito desempenha um papel significativo nas vendas do comércio, representando 40% das transações no setor. Esse número é maior do que em países emergentes, onde os cartões respondem por 10% a 15% das vendas, e nos Estados Unidos, onde representam 28% das vendas.
No entanto, a indústria de cartões no Brasil também enfrenta desafios significativos, principalmente devido aos altos índices de inadimplência. De acordo com o Banco Central, a taxa de inadimplência atingiu 53,42% em maio, mas caiu para 49,05% em junho. Esses números são incomuns se comparados a outros países.
Crédito rotativo: será o fim?
A taxa de juros do crédito rotativo no cartão de crédito é uma das mais elevadas, atingindo uma média de 15,04% ao mês em junho (correspondendo a 437,26% ao ano). Em situações extremas, essa taxa pode ultrapassar até 800% ao ano. Campos Neto enfatizou que cair no crédito rotativo do cartão de crédito pode levar a uma situação financeira complicada.
O Banco Central e o Ministério da Fazenda estão trabalhando juntos para encontrar soluções para o problema do crédito rotativo no cartão de crédito. Um grupo de trabalho foi formado para essa finalidade, com um prazo de 90 dias para apresentar propostas.
Na quinta-feira, Campos Neto afirmou que a solução que está sendo considerada é eliminar o crédito rotativo, direcionando as operações para parcelamento, com uma taxa de juros em torno de 9% ao mês. Atualmente, a taxa média para compras parceladas no cartão de crédito é de 9,47% ao mês, em comparação com os 15,04% do crédito rotativo, que se aplica quando apenas uma parte do valor da fatura é paga.
Cartão de crédito: excesso pode ser raiz do problema
O aumento significativo no número de cartões emitidos nos últimos anos é uma das raízes do problema do crédito rotativo, conforme apontou o presidente do Banco Central. A proliferação de cartões, com algumas pessoas possuindo até cinco deles, tem contribuído para essa questão.
Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs) revelam que as transações com cartões atingiram a marca de R$ 2,1 trilhões no ano passado, um aumento de 29,4% em relação a 2021. Contudo, o ritmo de crescimento desacelerou na primeira metade deste ano, registrando um aumento de apenas 10,1% em comparação ao mesmo período de 2022. O número total de transações também diminuiu em 5,1%, com um total de 8,4 bilhões de transações.
Outra questão crítica é a assimetria na concessão de crédito, onde as instituições que concedem crédito não estão efetivamente gerenciando o risco. O prazo médio para pagamento das modalidades parceladas aumentou em 42,5% entre junho de 2022 e junho de 2023, passando de 6,38 meses para 9,09 meses.